terça-feira, 16 de agosto de 2011

Capoeira


Capoeira
Não sendo um dos principais estilos de luta, a Capoeira é ainda assim uma das que mais popularidade tem atingido nos quatro cantos do mundo. Na verdade, poderá até haver quem não considere a Capoeira como uma luta, e ainda menos uma arte marcial. Essa discussão nunca terá fim, mas a bem do consenso, podemos dizer sem qualquer dúvida que a Capoeira é, sobretudo, uma arte.

AS ORIGENS

As suas origens são também fruto de debate, mas a versão mais consensual é que terá tido origem como um meio de defesa dos escravos do Brasil no século XVI, dissimulado numa dança para que os seus proprietários não o identificassem. O que é garantido é que esses escravos, originários de vários locais em África, mantiveram as raízes da sua herança através de diversos costumes e rituais, e a Capoeira nasce de um conjunto de tradições ancestrais.
Algumas fontes referem a inspiração da dança ritual N’Golo, baseada nos movimentos de zebras; as lutas de galos são outra das fontes que poderão ter estado na origem da Capoeira. O que está comprovado é que foi no Brasil que nasceu a Capoeira – historicamente referenciada já no século XVIII (sendo decerto mais antiga) – por entre os grupos de escravos.
O uso como arte marcial e técnica de luta (e certamente a sua eficácia) levaram à sua proibição, com elevadas punições para os capoeiristas. No início do século XX a Capoeira encontrava-se ainda legalmente interditada, e foi por pouco que a arte não se extinguiu.
Aos poucos a perseguição foi-se esvaindo, e em 1932 é fundada a primeira academia oficial de Capoeira, pelas mãos de um dos maiores impulsionadores de sempre, o Mestre Bimba. Pouco depois, a sua iniciativa foi seguida pelo Mestre Pastinha, outro importante incitador, baseando-se numa abordagem mais tradicional. Assim nascia este fenómeno mundial e, ao mesmo tempo, as duas principais correntes de Capoeira.

AS DUAS CORRENTES

Capoeira Angola

A Capoeira Angola foi recuperada pelo Mestre Pastinha com a abertura da sua academia em 1941. Consiste na forma mais tradicional de Capoeira, altamente ritualista, remontando à herança tribal de África, e chega a ser considerada (sobretudo pelos seus praticantes) como a “verdadeira Capoeira”.

Capoeira Regional

A Capoeira Regional tem a sua origem no Mestre Bimba, que considerava que esta arte estava a perder progressivamente a sua componente de luta. Uma vez que se tratava de uma prática proibida, os capoeiristas remetiam-se à clandestinidade, sendo cada vez menores em número e sem comunicação entre si. O Mestre Bimba pretendeu lutar contra esta tendência, e começou a recuperar práticas e movimentos antigos, definiu uma filosofia e código próprios, e concebeu mesmo novos golpes. É a ele que se deve a criação da primeira academia de Capoeira do mundo, e com o seu activismo, é também considerado o principal impulsionador para a legalização, aceitação e valorização social e cultural deste património brasileiro. A Capoeira Regional é assim uma abordagem moderna de Capoeira, devidamente organizada e hierarquizada, e é de longe a corrente mais praticada não só no Brasil, mas também em todo o mundo.
Independentemente das diferenças entre estas duas correntes, mais filosóficas que práticas, ambas são praticadas num verdadeiro ritual, constituído por diferentes partes e componentes.
Em suma, a Capoeira é uma simulação de luta e não tanto uma luta efectiva. O “jogo” não tem como objectivo atingir o adversário, mas antes dar asas à liberdade de movimentos ofensivos e defensivos, através de diferentes golpes, reduzindo a margem de manobra do oponente. O capoeirista não precisa de atingir o adversário, basta colocá-lo numa posição em que não se consiga defender.
Mas o ritual é muito mais do que apenas esse jogo.

O RITUAL

A Música

A música é parte essencial da Capoeira, sendo mesmo a sua velocidade que marca o ritmo dos movimentos dos capoeiristas. A roda de Capoeira integra uma bateria com vários instrumentos tradicionais brasileiros: ainda que a maioria seja de precursão, aquele que assume maior protagonismo é o berimbau. Os membros da roda acompanham a música com cantares típicos, por vezes semelhantes aos cantares de desafio, e todo este conjunto cria o ambiente único que apenas a Capoeira permite. A importância da música é tal que o Mestre Bimba afirmou mesmo que um verdadeiro capoeirista tem que saber lutar tanto como tocar e cantar!

A Roda

A roda de Capoeira é onde decorre a acção, criando um círculo no interior do qual se defrontam os capoeiristas. Os restantes elementos, sejam adversários à espera da sua vez, sejam os músicos, seja mesmo o público em geral, criam um círculo com uma média de 5 metros de diâmetro.

O Jogo

O jogo em si é o confronto entre os dois praticantes. Como foi referido, esta “luta” não implica, na generalidade, contacto físico, mas antes uma demonstração das capacidades. Cada ataque fica-se pela ameaça, sendo que antes de ser concretizado já o adversário terá efectuado uma manobra defensiva que o evitaria. A sucessão de movimentos gera uma verdadeira dança metafórica (ou mesmo no sentido literal da palavra), com gestos elegantes, ágeis e acrobáticos, recorrendo com frequência a saltos mortais e outras manobras igualmente aparatosas.
  • Ginga
    A Ginga é o movimento base de Capoeira, e ao mesmo tempo o mais célebre. Consiste numa “dança” de pés triangulares, balançando os braços ao ritmo do corpo, que servirá também de preparação para os movimentos. É verdadeiramente inconfundível: quando vir alguém a fazê-lo, saberá instantaneamente que está na presença de um capoeirista!
  • Ataques
    Os movimentos ofensivos utilizam maioritariamente as pernas, com ataques de pés e joelhos. Os cotovelos são também utilizados com alguma regularidade, ao passo que murros e outros golpes de mãos não são utilizados em Capoeira. Um golpe também utilizado com frequência é a cabeçada!
  • Defesa
    A defesa consiste na grande maioria no recurso a manobras evasivas, e eventualmente, contra-ataques. Daí que a Capoeira possa ser vista como um jogo de movimentações, em que se considera que o atacante teve sucesso quando efectuou manobras tais que deixou o adversário sem escape possível.
  • Volta ao Mundo
    Quando uma manobra é concluída (como na situação anteriormente descrita) ou na eventualidade de qualquer outra interrupção do ritmo do jogo, os dois capoeiristas afastam-se e circulam calmamente pelos limites da roda, dando a “volta ao mundo”.
Na generalidade, estes são os “episódios” do ritual de um jogo de Capoeira, havendo depois pormenores e especificidades quer na Capoeira Regional, quer na Angola.

A CAPOEIRA… À VOLTA DO MUNDO!

Com o passar dos anos, a Capoeira tem-se espalhado um pouco por todo o mundo, sendo cada vez mais popular em países como Japão e Estados Unidos. Apesar de haver hoje uma enorme pluralidade cultural, social e étnica por entre os capoeiristas, os mestres são geralmente brasileiros, o que assegura a manutenção das origens desta arte.
Uma arte, que marcial ou não, é um símbolo máximo da herança cultural de um povo, com o mesmo peso que terá o Karaté para o Japão ou o Taekwondo para a Coreia. Tanto o é que a Capoeira foi recentemente declarada Património Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, depois de em 1985 se ter declarado o dia 3 de Agosto como o Dia do Capoeirista.

VÍDEO DE DEMONSTRAÇÃO


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Capoeira Bahia

Capoeira, Bahia, Brasil


De Salvador (BA)
Vá lá definir as coisas... Sabemos que não devemos falar das coisas sem uma idéia clara do que sejam; principalmente quando se trata de coisa pública e notória.
Geralmente o que a gente considera uma definição de uma coisa é simplesmente colocá-la numa categoria mais ampla, pendurando um conceito no outro. Podemos dizer que uma cadeira é um móvel, que um microfone é um aparelho eletrônico e assim pó diante...
Mas como definir o que é capoeira, aqui da Bahia, se a capoeira está muito envolvida em definir o que é ser Bahia?
Ou seja: não dá para aplicar aquele velho chavão antropológico ou sociológico de que a cultura, no caso a capoeira, é um reflexo da sociedade; por que o que está envolvido é muito mais do que isso... Eu preferia que o renomado pensador Clifford Geertz, ao invés de ter ido parar em Bali, e ter estudado as brigas de galo de lá, que ele tomasse o rumo daqui da Bahia e focalizasse na capoeira. Lá em Bali ele de certa forma revolucionou a antropologia ao perceber que as brigas de galo eram textos, "uma leitura balinesa da experiência balinesa".
Não estamos certos em fazer essa associação? Não é a capoeira uma história contada de dentro sobre a experiência daqui? Não merece a capoeira ser entendida não como reflexo de algo e sim como texto constitutivo, como dramatização da própria existência entre nós...? Convocando isso que poderíamos chamar de círculos concêntricos - Salvador, o Recôncavo, a Bahia, o Brasil e o Mundo. Resumindo e repetindo: uma leitura "densa" para usar o termo de Geertz da experiência baiana e brasileira;
É justamente por isso que aqueles que aprendem capoeira relatam ter aprendido muito mais do que simplesmente capoeira. Aliás, não existe simplesmente capoeira. Como diz Mestre Curió:

"...o que caracteriza um Mestre é ética, é saber quem é ele, ter filosofia; por que a capoeira é uma filosofia, a capoeira ela é arte, ela é dança, ela é malícia, é coreografia, teatro, sagacidade, religião, cultura, ela só pode ser perigosa na hora da dor..."
São doze categorias que o Mestre Curió levanta como aspectos ou metáforas norteadoras da capoeira. São metáforas por que a capoeira permanece sendo capoeira, mas ela aciona significados de analogia, ou melhor universos de significado que convocam todas essas atividades, elas próprias desdobráveis em outras tantas: como filosofia também entendemos uma educação, e certamente os seus métodos; como arte também entendemos uma estética, e uma estética visual, a indumentária por exemplo; e como ética e sagacidade, entendemos o próprio sumo da existência e da resistência entre nós, e vislumbramos mesmo uma política, a capoeira como atitude política, em prol da própria história que encarna e que relata...
E esse agir complexo, esse pensar complexo, permite que a capoeira estabeleça sinapses com o mundo. Pois se ela se constituiu de forma densa como uma narrativa daquilo que somos, hoje circula pelo planeta materializando de forma impressionante o conceito de rede, de sociedade em rede. A capoeira está na frente de tudo que temos, está na frente do Brasil...
Para um País como o nosso, que continua perseguindo o ideal de nação, o ideal de se constituir como nação para todos os habitantes, e que ao mesmo tempo vivencia uma época que ultrapassa o discurso nacional e polariza o poder em conglomerados mundiais -, portanto, na delicadeza dessa quadra que ora atravessamos, a capoeira assume uma posição estratégica de agente civilizatório que fomenta o sentido de pertencimento e veicula formação ética. Reconhece e valoriza a matriz africana, mas ao mesmo tempo abre-se à contemporaneidade. A capoeira civiliza o Brasil.

Suas variações

A violência dos golpes da Capoeira não deixa espaço para meio termo: ou luta-se Capoeira de verdade ou apenas simula-se um jogo. Os mais puristas não admitem a possibilidade de enquadrá-la em regras esportivas. Para eles, quem assim o faz está sendo leviano ou não conhece de fato a arte da Capoeira. Para outros, no entanto, o jogo deve evoluir, como todas as artes marciais. A Capoeira de Angola, a mais tradicional, tem um número pequeno de golpes. Mas estes podem atingir uma harmoniosa complexidade, através de suas variações. Assim como a música, que conta sete notas, a Capoeira tem diversas variações apoiadas em sete golpes principais: Cabeçada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mão.
 A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. No início, esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente, foi introduzido o berimbau, instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonância, uma cabaça cortada. O som é obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se o som da cabaça e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior.
O berimbau era um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para atrair fregueses, mas tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, por conduzir o jogo com o seu timbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os andamentos - lento, moderado e rápido -  são indicados pelos toques do berimbau. Entre os mais conhecidos estão o São Bento Grande, o São Bento Pequeno (mais rápido), Angola, Santa Maria, o toque de Cavalaria (que servia para avisar da chegada da polícia), o Amazonas e o Luna. Numa roda de angoleiros o conjunto rítmico completo é composto por três berimbaus (um grave - Gunga; um médio e um agudo - Viola); dois pandeiros; um reco-reco; um agogô e um atabaque. A parte musical tem ainda ladainhas que são cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom capoeirista tem obrigação de saber tocar e cantar os temas da Capoeira.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

capoeira e meu jeito de ser capoeira e minha filosofia

                                                         

a vida na capoeira

explicação dos movimentos da capoeira e mais um pouco

MOVIMENTOS BÁSICOS

JOGO

É a troca constante de base.
É uma característica da capoeira que consiste na movimentação constante de braços e pernas executados pelo capoeirista, em movimentos de vai e vem, avanços e recuos, iludindo o adversário e buscando a melhor oportunidade para desferir seus golpes.

ESQUIVAS

Jogo Capoeira

JOGO

É um movimento característico de capoeira no qual o praticante leva as duas mão ao solo subindo imediatamente as duas pernas, geralmente esticadas e caindo geralmente de pé. É sempre feito para um dos lados, sendo que possui diversas variações, pois uma das pernas ou mesmo as duas poderão, também passar encolhidas para maior defesa do corpo. A perna que dá o impulso é a perna para o lado que se vai aplicar o aú. A perna que primeiro atinge o chão é justamente a outra, que ao fim do golpe se dobra um pouco para melhor atingir o chão. Também pode ser um golpe ofensivo.
É uma esquiva em que o praticante desce ao solo, para trás, e se apoia nas duas mãos, ficando portanto com um total de 4 apoios ao solo: as duas mãos e os dois pés. Se o capoeira de locomover nesta posição, dá-se o nome de ARANHA.
É uma esquiva na qual o praticante se abaixa de frente para o adversário, com os braços protegendo o rosto, não sendo admitido que nenhuma das mãos vá ao chão. O apoio do corpo deverá ser apenas sobre os dois pés, podendo estar estes sobre as pontas ou não.
É uma esquiva que o praticante faz descendo ao solo apoiado em uma das pernas e com a outra esticada. As duas mãos vão ao chão, sendo que, se estiverem do lado da perna esticada, sua característica é quase que exclusivamente de defesa, porém se as mão estiverem para o lado da perna dobrada, propicia ao executor a oportunidade de aplicar uma rasteira logo em seguida. Em uma de suas variações, quando as mãos estiverem viradas para o lado da perna dobrada, elas poderão não ir ao solo, permanecendo à altura do rosto e do tórax, em posição de defesa.
É uma esquiva em forma de rolamento, na qual o praticante de capoeira vai ao chão, rola por cima da cabeça, mas apoiado em um dos braços que está a altura do seu rim. Ao fim do movimento, estará normalmente em posição de negativa ou resistência. Também pode ser umgolpe ofensivo.
É uma esquiva na qual o praticante desce ao solo em três pontos de apoio, os dois pés e uma das mãos. As duas pernas deverão estar dobradas e a mão que vai ao solo poderá estar por trás do corpo, pela direita ou pela esquerda. O corpo poderá estar curvado para trás ou mesmo erguido. O que caracteriza a resistência são os três pontos de apoio com as duas pernas dobradas.

GOLPES DESEQUILIBRANTES

Quando se cair em negativa, na situação em que a perna esticada estiver por trás da perna de base do adversário, dá-se um puxão com a mesma, procurando derruba-lo
É uma rasteira com a perna semi-flexionada. Aplica-se em pé.

BANDA JOGADA

É um golpe de capoeira no qual o praticante se aproxima do adversário, aplica-lhe uma batida na coxa com o joelho, prosseguindo o movimento desequilibrante com uma banda.

BANDA TRANÇADA

É um golpe aplicado estando-se em pé. Aplica-se o pé por trás do pé da perna de base do adversário. Introduz-se o joelho pela frente da perna do adversário, empurrando-a para trás e ajudando ao empurrão com o peso do corpo, para frente.

BENÇÃO

O capoeirista em base, procura atingir o adversário com a perna de trás, com a planta do pé.

CHULIPA

Aplica-se uma rasteira na frente do adversário como se quisesse derruba-lo. Se a rasteira for dada com a perna esquerda, antes de completar o giro, deve-se dar um telefone ou um galopante no oponente.

CRUCIFIXO

É um golpe no qual o praticanteao receber um pé de giro alto, ele "entra no adversário" colocando seu braço por baixo da perna elevada do oponente, lhe tirando o equilíbrio ao elevar mais ainda sua perna.

ESCALA DE PÉ

É um golpe constituído de diversas variações que buscam desequilibrar o adversário da seguinte forma básica: o praticante desce na posição de rolê ou ponte, introduz os dois pés entre os pés do adversário e puxando, abrindo ou fazendo os dois ao mesmo tempo, derruba o oponente.

GANCHO

Aplica-se com a perna em forma de gancho, puxando por trás a perna do adversário.

PAULISTA OU LETRA

O capoeirista, quando o adversário der um golpe alto, escora e entra aplicando um rapa com a perna cruzada, em forma de letra, passo conhecido no futebol.

RASTEIRA DE MÃO

É um golpe aplicado em raríssimas oportunidades. Consiste em agarrar e puxar o pé de apoio do oponente quando se estiver executando algum golpe de giro alto.

RASTEIRA DE MEIA LUA PRESA

É um golpe no qual o capoeirista agacha-se sobre uma das pernas, põe as mãos no chão e com a outra perna esticada aplica uma meia lua tradicional. Entretanto, o pé que faz o semicírculo da meia lua segue uma trajetória rasteira ao chão. Como este golpe só é empregado quando o oponente está com uma das pernas levantadas, o objetivo é alcançar a outra e com sua passagem desequilibrar o oponente.

RASTEIRA DEITADA

É um movimento de capoeira com o qual o praticante busca desequilibrar seu adversário, abaixando-se e aplicando um rapa com o pé, o pé passa rente ao chão.

RASTEIRA EM PÉ

É um movimento identico ao anterior, só que o praticante permanece de pé para efetuar o rapa com o pé. Sempre visando desequilibrar o oponente

TESOURA NO CHÃO

É um movimento no qual o capoeirista procura envolver o corpo de seu oponente com suas pernas em forma de tesoura, procurando desequilibar o adversário. A entrada pode ser efetuada de frente ou de costas, tanto faz.

TESOURA DO AÚ

Aplica-se primeiramente um aú bem próximo do adversário. As pernas se separam e envolvem-no aplicando-se a tesoura.

TESOURA VOADORA

Aplica-se contra um adversário após um salto para frente. Envolve-se o adversário com as pernas e gira-se o corpo para desequilibra-lo.

VINGATIVA

É um movimento onde o aplicante se aproxima rapidamente do adversário, coloca-se lado a lado com ele e com uma das pernas atrás servindo de apoio e um empurrão com o cotovelo para trás. A perna que fica por trás do adversário é a que estiver lado a lado com a perna do oponente.

GOLPES OFENSIVOS

ARMADA

Aplica-se estando em pé, e consiste em firmar-se com um pé no chão e com a outra perna livre, fazer um movimento de rotação, varrendo na horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral externa do pé.

ARPÃO

Golpe desferido com o joelho contra o adversário, de baixo para cima ou lateralmente.

ARRASTÃO NEGATIVA BATENDO

É um golpe traumático. Quando cair-se em negativa na situação em que a perna esticada estiver por trás da perna de base do adversário e o pé envolvendo o seu calcanhar, aplica-se uma forte pancada, com o calcanhar da outra perna (a que está encolhida). A pancada é efetuada em forma de gancho, de fora para dentro, na parte lateral da perna do adversário.

ARRASTÃO NEGATIVA EMPURRANDO

Quando cair-se em negativa na situação em que a perna esticada estiver por trás da perna de base do adversário, aplica-se um chapa de frente com a outra perna na canela do adversário.

AÚ CHAPA DE COSTAS

Consiste na aplicação de um aú e logo em seguida cortar o mesmo, ou seja, dar um giro no corpo, batendo com a planta do pé no adversário e caindo em base de rolê.

AÚ CHAPA LATERAL

Consiste na aplicação de um aú na direção do adversário, aplicando-lhe um golpe com a planta de um ou dos dois pés, completando o movimento com um rolê.

AÚ CHIBATA

É um golpe aplicado estando-se em base de aú. Aplica-se o aú e desta posição aplica-se a chibata com uma ou com as duas pernas, ou seja, atinge-se o adversário com os peitos dos pés.

AÚ CORTADO

Consiste em aplicar um aú quando o adversário estiver no chão. Aplica-se o aú por um dos lados do adversário e quando as pernas estiverem esticadas no alto, dá-se uma torção no corpo, indo cair sobre o oponente com uma das pernas esticadas, atingindo-o com o calcanhar.

CHAPA EM PÉ

É a interrupção de uma armada ou uma meia lua presa. Encolhe-se e distende-se a perna contra o adversário. Aplica-se a armada ou a meia lua presa e no meio do giro, aplica-se a chapa em pé.

CHAPA NO CHÃO

É um golpe aplicado de frente ou de costas, tendo-se como base as duas mãos e um pé. Aplicando-se de frente e estando em negativa com a perna direita esticada, a perna que toca o adversário é a esquerda. Para aplica-la de costas, caso a negativa seja com a perna direita esticada, faz-se um meio rolê, ficando de costas para o adversário, encolhe-se a perna direita e aplica-se a pancada com a mesma. A pancada é aplicada com a planta do pé ou calcanhar, distendendo a perna na horizontal ou de baixo para cima.

COTOVELADA

Consiste em aplicar o cotovelo em qualquer parte do corpo do adversário.

FORQUILHA

É a ação de introduzir um ou mais dedos nos olhos do adversário.

ESCALA DE MÃO

Golpe semelhante ao soco. Aplica-se com a base da mão, no ombro, plexo, queixo ou nariz do adversário. A palma deve estar voltada para o adversário e a ponta dos dedos deve ser encolhidas. No ombro e no plexo, aplica-se na horizontal; no queixo e no nariz, de baixo para cima.

GALOPANTE

É um golpe traumático que consiste na aplicação de uma das mãos em forma de concha, no ouvido do adversário.

MARTELO EM PÉ

Estando-se em base, a perna de trás sobe lateralmente e flexionada, distendendo-se para tocar o adversário.

MARTELO DE CHÃO

É o martelo aplicado tendo-se como base uma das mãos no solo. A mão que vai ao solo é a oposta à perna que aplica o martelo.

MEIA LUA DE COMPASSO

É um golpe no qual o praticante agacha-se sobre a perna da frente, e com a outra perna livre, faz um movimento de rotação, varrendo na horizontal ou diagonal. Quando inicia-se o movimento de rotação, as duas mãos vão ao solo para melhor equilíbrio. Atinge-se o adversário com o calcanhar.

MEIA LUA PRESA

É a meia lua de compasso com apenas uma das mãos no chão. A mão que vai ao chão é a mão oposta à da perna que vai desferir o golpe.

MEIA LUA SOLTA

É a meia lua de compasso sem nenhuma das mãos no chão. Não se pode levantar o tronco. A posição do tronco deve continuar baixa, como se estivesse com as mãos no solo.

MEIA LUA DE FRENTE

Consiste em lançar a perna de trás, esticada, num movimento de rotação, de fora para dentro. A parte que toca o adversário é a parte interna do pé.

PISÃO

É um golpe que se aplica de pé, distendendo a perna de trás contra o oponente, em movimento de "coice". Aplica-se o pisão na horizontal ou de baixo para cima, e bate-se com a planta do pé ou calcanhar.

QUEIXADA

É um golpe traumático que se aplica de pé, estando-se em base em uma das pernas e suspendendo a outra contra o oponente em forma de giro, de dentro para fora, visando especialmente seu queixo. A perna é deslocada e retesada e a parte que toca o adversário é a parte lateral externa do pé.

RABO DE ARRAIA

É um salto mortal dado para frente. No giro, os calcanhares visam a cabeça ou o tórax do adversário. Pode ser aplicado com as mãos no solo ou não.

ASFIXIANTE

É um golpe desferido com a mão fechada (soco), pegando entre o nariz e a boca.

VÔO DO MORCEGO

Dá-se um salto para cima, distendendo uma ou as duas pernas contra o adversário.

CONTRAGOLPES

QUEDA DE LADEIRA

É a aplicação de um contragolpe, escora ou tranco, de um golpe solto no ar aplicao pelo seu adversário, desequilibrando-o.

BOCA DE CALÇA OU ARRASTÃO

É um golpe no qual o praticante leva as duas mãos aos pés ou pernas do adversário, puxando-os com as mãos para a frente, fazendo com que ele caia para trás. Uma cabeçada ajuda a derruba-lo.

Caçuá

Contragolpe para a benção. Com a mão em forma de concha, procuramos encaixa-la no calcanhar do adversário e suspendê-lo, desequilibrando-o.

CUTILA (PALMA)

É o ato de aparar ou contragolpear um martelo com a mão fechada, contra a perna do adversário. Faz-se um movimento de giro com o antebraço, de cima para baixo e de dentro para fora. A parte que apara ou golpeia é a parte lateral externa do punho.

PASSO DA CEGONHA

Contragolpe aplicado contra a armada. Aplica-se primeiramente um tranco e imediatamente um gancho.

FLOREIOS

AÚ AGULHA

É um aú no qual o praticante leva as duas mãos ao chão subindo imediatamente as duas pernas, juntando-as no alto, esticadas. Ainda no alto, dá-se uma torção no corpo, tocando o chão com a ponta dos pés. Inicia-se o aú de lado, mas ao tocar o chão, o capoeirista estará com a frente voltada para onde iniciou o aú.

S DOBRADO

Chama-se S dobrado porque para aplica-lo necessita-se executar um movimento em forma de S ao contrário. Inicia-se com uma rasteira, com a perna esqueda, por exemplo: a perna esquerda sai de trás, perfaz três quartos de um giro, indo situar-se esticada, sem tocar no chão, no lado direito, ou seja, o lado contrário ao que se iniciou o movimento. Nesse momento faz-se dois pontos de apoio, um com a mão esquerda colocada a frente e junto ao corpo, e o outro é o da perna direita; já dobrada. Aí temos uma posição bastante parecida com a negativa, sendo que estamos de lado para o adversário, e a perna esquerda não tocando o chão. Iniciamos a primeira volta do S. Agora devemos dar um impulso para cima e para trás, rodando por cima da cabeça, tendo-se como base as duas mãos paralelas. A perna que toca primeiro o chão é a direita.

MACACO

Consiste na aplicação de um salto para trás, cujo movimento inicia-se com o agachamento, e a colocação da mão no chão, para trás, e próxima ao corpo. Dá-se um impulso no corpo para trás e executa-se um giro completo, terminando o movimento com a perna oposta a da mão que tocou primeiro o chão.

VOLTA AO MUNDO

Ritual existente na Capoeira Regional. Quando um dos capoeiristas está cansado, convida o oponente para se dar a volta ao mundo. É obrigatório acompanha-lo sendo que o que é convidado não deve atacar.

CHAMADA OU PASSO A DOIS

Ritual existente na Capoeira Angola em que se realiza uma parada com os braços abertos, ligeiramente elevados, e o adversário se dirige ao seu oponente apoiando as mãos no mesmo, e por um breve tempo caminham compassadamente pela roda até que o chamante autorize o reinício do jogo.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Páginas


Projeto de Aprendizagem: O que é? Como faz?

"Um projeto para aprender vai ser gerado pelos conflitos, pelas perturbações nesse sistema de significações, que constituem o conhecimento particular do aprendiz". (Léa Fagundes, Aprendizes do Futuro)




A Escola Municipal Padre José Dilson Dórea iniciou, neste ano de 2011, o trabalho com Projetos de Aprendizagem. No entanto, o que é o trabalho do P.A.?


Como bem demonstra a tirinha do irônico (e genial) Calvin, os Projetos de Aprendizagem têm como meta suprir as demandas postas pelos educandos. Isto é, essa inovadora proposta de ensino faz com que o próprio aluno seja o protagonista de sua aprendizagem; é ele quem direciona sua pesquisa de acordo com aquilo que lhe instiga a curiosidade. É uma forma de fazer com que o espaço escolar seja melhor aproveitado e que promova, de fato, uma aprendizagem significativa.


Atualmente, o P.A. vem sendo desenvolvido, na E.M. Padre José Dilson Dórea, por três turmas: 602, 604 e 902. Essas mesmas turmas são sub-divididas em três grupos; um grupo fica em sala de aula com o professor-orientador (ou seja, o professor que orienta e supervisiona o trabalho que está sendo elaborado pelo aluno), outro grupo fica na SAI (onde fazem pesquisas referentes ao tema e, posteriormente, onde criarão seus blogs) e o terceiro grupo fica na biblioteca da escola. Vale salientar que esses grupos fazem um rodízio durante a semana, o que faz com que todos passem por todos os espaços citados anteriormente.


Nesta semana os alunos apresentarão os resultados de suas pesquisas na I Feira de Projetos de Aprendizagem e, no próximo semestre, terão ainda mais novidades para nos apresentar!


Nossa escola está BOMBANDO! Fique por dentro!


Jamais seremos "outro tijolo no muro"!

Galera, chegou o momento para refletirmos sobre o sentido da educação. Por que estudar? Para quê? Qual o significado de passar horas e horas, anos e anos numa escola?

A resposta é simples: para fazermos a diferença!

Não há outro sentido para isso. Na verdade, é a educação que nos fornece elementos para modificarmos a nossa realidade. É a partir do acúmulo teórico, da construção de conhecimento, que conseguimos criar estratégias para transformarmos aquilo que nos deixa inconformados, indignados.

Nossa escola, nesse sentido, tem trabalhado sob essa perspectiva; enxergando a possibilidade de uma mudança na sociedade a favor das camadas que mais sofrem com a questão da desigualdade social.

Tradicionalismo? Passa longe da nossa prática!

Queremos originalidade, queremos seres pensantes, criativos, inovadores, empreendedores... Enfim, QUEREMOS FAZER A DIFERENÇA!

A banda de rock Pink Floyd refletiu muito bem sobre a questão da educação voltada para formação de "robôs". Vale a pena conferir o vídeo a seguir. 

Alunos, professores e afins, pensem nisso!

"ANOTHER BRICK IN THE WALL"
(PINK FLOYD)


E, para finalizar, fica a questão: a "desordem" é o caminho para uma nova ordem. 


Um pouco de História...


De onde vem o nome da escola?
Bem, para responder a essa pergunta, é necessário compreender a trajetória histórico-religiosa do município de Rio das Ostras.
Segundo o site da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, inaugurada em 18 de fevereiro de 1979, cujo primeiro pároco foi o Padre João Machado Evangelho (até 1998), o Padre José Dilson Dórea  tomou posse na Paróquia no dia 1º de março de 1998. "Durante seu período é criada a paróquia de São Benedito em Jardim Mariléia, segunda paróquia da cidade, desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Em janeiro de 2002 assumia a paróquia o Padre Sidnei Ribeiro Antunes, que permaneceu apenas até 31 de dezembro do mesmo ano. Em janeiro de 2003 o Padre José Dílson Dórea retorna para a paróquia, depois de um ano trabalhando em Macaé. Levado para junto de Deus, a paróquia se despediu do Padre Jose Dílson em 12/02/05". 

Então, pessoal, o Padre José Dilson contribuiu bastante para o desenvolvimento de nosso município. Ele faz parte de nossa história e, merecidamente, foi homenageado.
Fonte:


Arraiá do Padre

Nesse próximo sábado, dia 18/06/2011, de 14:00 às 18:00  teremos, aqui em nossa escola, o "Arraiá do Padre".

Atrações:
*Casamento da roça, danças;
*Comidas típicas da roça;
*Quadrilha, e muito mais!


Nossa escola fica localizada na Rua das Camélias, nº1015, Bairro Âncora, Rio das Ostras-RJ.


Venha participar! Contamos com sua presença.


Vai ser bão demais, sô!





Modelo Simple. Imagens de modelo por enjoynz. Tecnologia do Blogger.

terça-feira, 28 de junho de 2011

A Capoeira e suas diversas lutas

a capoeira e suas diversas lutas


Aos 23 de novembro de 1900, início de um novo século, no bairro de Engenho Velho, freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia, nascia Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba. Seu apelido, Bimba, ganhou logo que nasceu, em virtude de uma aposta feita por sua mãe e com parteira que o "aparou". Sua mãe, dona Maria Martinha do Bonfim, dizia que daria luz a uma menina. A parteira afirmava que seria um homem. Apostaram. Perdeu dona Maria Marinha, e o Manuel, recém-nascido, ganhou o apelido que o acompanharia para o resto da vida. Bimba é, na Bahia, um nome popular do órgão sexual masculino em crianças.
Seu pai, o velho Luiz Cândido Machado, já era citado nas festas de largo como grande "batuqueiro", como um campeão de "Batuque", "A luta braba, com quedas, com o qual o sujeito jogava o outro no chão".
Aos 12 anos de idade, Bimba, o caçula de dona Martinha, iniciou-se na Capoeira, na Estrada das Boiadas, hoje bairro da Liberdade, em Salvador. Seu mestre foi o africano Bentinho, Capitão da Cia. de Navegação Baiana. Nesse tempo, a Capoeira era bastante perseguida e Bimba contava: "naquele tempo, Capoeira era coisa para carroceiro, trapicheiro, estivador e malandros. Eu era estivador, mas fui um pouco de tudo. A polícia perseguia um capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só, que um dos castigos que davam a capoeiristas, que fossem presos brigando, era amarrar um dos punhos num rabo de cavalo e outro em cavalo paralelo. Os dois cavalos eram soltos e postos a correr em disparada até o quartel. Comentavam até, por brincadeira, que era melhor brigar perto do quartel, pois houve muitos casos de morte. O indivíduo não agüentava ser arrastado em velocidade pelo chão e morria antes de chegar ao seu destino: o quartel de polícia".
A essa altura, Bimba começou a sentir que a "Capoeira Angola", que ele praticava e ensinou por um bom tempo, tinha se modificado, degenerou-se e passou a servir de "prato do dia" para "pseudo-capoeiristas", que a utilizavam unicamente para exibições em praças e, por possuir um número reduzido de golpes, deixava muito a desejar, em termos de luta. Aproveitou-se então do "Batuque" e da "Angola" e criou o que ele chamou de "Capoeira Regional", uma luta baiana. Possuidor de grande inteligência, exímio praticante da "Capoeira Angola" e muito íntimo dos golpes do "Batuque", intimidade esta adquirida com seu pai, um mestre nesse esporte, foi fácil para Bimba, com seu gênio criativo, "descobrir a Regional".

Criada a Regional, Bimba deu, talvez, a sua maior contribuição à Capoeira: criou um método de ensino para esta, coisa que até então não existia. "O capoeirista aprendia de oitava", dizia o mestre. O que caracteriza a Capoeira Regional, é a sua "Seqüência de Ensino": Esta seqüência é uma série de exercícios físicos completos e organizados em um número de lições práticas e eficientes a fim de que o principiante em Capoeira, dentro do menor espaço de tempo possível, se convença do valor da luta, como um sistema de ataque e defesa. A seqüência é para o capoeirista o seu ABC. Ela veio contribuir de maneira definitiva para o aprendizado da Capoeira.
Porém até 1927 a Capoeira era completamente ilegal. Bimba conseguia alguns "tostões em vaquinhas", para pagar o delegado e poder ensinar a sua Capoeira por uma hora apenas; no fim desse prazo, o delegado aparecia com seus soldados e o pessoal "se mandava", corria mesmo, para tudo parecer real para o povo que assistia.
Foi assim que o Mestre Bimba com seus alunos fizeram uma apresentação em homenagem ao então deputado Simões Filho, fundador do jornal "A Tarde". O povo passou assim a tomar conhecimento do que era a Capoeira do mestre. Em 1934, no dia 3 de dezembro, no Festival Beneficente da Casa dos Mendigos, Bimba presta nova homenagem realizando uma exibição no Estádio de Brotas, o povo vibrou quando Bimba desferiu um "rabo de arraia" em Geraldo, tirando-o de combate, como noticiou "A Tarde". Em 1936, Bimba desafia qualquer lutador, de qualquer luta, para enfrentá-lo com a sua Regional. Foram realizadas quatro lutas e os adversários foram: Vítor Benedito Lopes, Henrique Bahia, José Custódio dos Santos (Zé) e Américo Ciência. A luta que durou mais tempo, marcou um minuto e dez segundos confirmando um apelido que Bimba possuía em seu bairro: "3 pancadas", que era o máximo que o adversário agüentava. Bimba vence todos e sagra-se campeão. Na ocasião prometeram um 'cinturão de ouro".
Conta o Dr. Ângelo Decânio (ex-aluno) que certa feita, o mestre lhe pediu um cinto do Exército e com ele, confeccionou um cinturão de campeão com tachas de sapateiro, e o pendurou na sala da sua casa. Dizia: "Me prometeram o cinturão, não me deram, resolvi fazer um!" Essas lutas foram realizadas na inauguração do Parque Odeon, na Praça da Sé. No dia 7 de fevereiro de 1936 o "Diário de Notícias" publicava: "O esporte nacional no Stadium Odeon, o capoeirista Bimba venceu brilhantemente seu forte adversário Henrique Bahia". Já o "Estado da Bahia" publicava: "O Bimba é bamba" e passa a descrever a luta, afirmando que o "Mestre Bimba projetou o seu adversário com um pontapé no peito".
Certa vez, apareceu em sua Academia, em um dia de "Formatura", um capoeirista que o desafiou. Os alunos queriam "pegar" logo o desafeto ao que o Bimba falou: "Deixem o rapaz, no fim da festa, acerto as contas com ele". Finda a Formatura, o Mestre chamou o desafiante para o "pé do berimbau", para jogarem a Capoeira. Assim que o capoeirista saiu de "Au", o mestre acertou-lhe uma violenta "benção" no rosto partindo-lhe os lábios e o nariz. O desafiante indagou: "O que é isso Mestre?" E o Mestre, alto, firme, seco e irônico: "É pé meu filho!" Nunca mais apareceu ninguém para desafiá-lo e à sua Capoeira Regional.

Ainda neste ano, o Mestre Bimba desfila no cortejo cívico do 2 de julho. O jornal "A Tarde" de 1° de julho de 1936 publicou na página 2: "A maior data da Bahia", ilustrando a matéria a foto do Mestre jogando e a seguinte legenda: "Mestre Bimba, famoso praxista da Capoeira, numa demonstração de sua especialidade, com alguns discípulos".
Em 1937, Mestre Bimba consegue registrar a sua escola de Capoeira na Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública. O processo de registro leva o n° 305/1937/AP/NCL, assinado pelo Dr. Clemente Guimarães, Inspetor Técnico, e tem o seguinte teor:



Inspetor Técnico do Ensino o Sr. Manuel dos Reis Machado, Diretor do Curso de Educação Phísica, sito à Rua Bananal, 4 (Tororó), distrito de Sant'Anna, município da capital, concede-lhe para o seu estabelecimento, o presente título de registro, a fim de produzir os devidos efeitos.
Inspetoria do Ensino Secundário Profissional
Bahia, 09 de julho de 1937
Inspetor Técnico Ass. Dr. Clemente Guimarães

Em 1938 faz uma apresentação para o General Aleixo Pinto. Nesta oportunidade, o ex-governador Lomato Júnior era seu aluno no CPOR da Bahia, onde deu aulas por três anos no Forte do Barbalho.
Em 1949 vaio a São Paulo e lá seus alunos realizam uma série de lutas contra lutadores de outras modalidades, vencendo a maioria delas por nocaute. Um jornal da época publicou: "Clarindo derrotou Godofredo no 3° assalto" e continua: "Na luta final da noitada, Clarindo, que vem fazendo alarde de suas qualidades capoeirísticas, derrotou Godofredo (luta livre) no 3° assalto por nocaute, com um "rabo de arraia", que atingiu com precisão a nuca do contendor que desmaiou". Os resultados das lutas foram os seguintes:
  • 1ª luta: Evaldo (luta livre) x Abib (capoeira) - vencedor: Abib, no 3° assalto por nocaute
  • 2ª luta: Menezes (luta livre) x Perez (capoeira) - vencedor: Perez, no 3° assalto por nocaute
  • 3ª luta: Nagashima (luta livre) x Garrido (capoeira) - vencedor: Nagashima, no 2° assalto com "arm lock"
  • 4ª luta: Duro (luta livre) x Garrido (capoeira) - vencedor: Duro, no 2° assalto por estrangulamento
  • 5ª luta: Godofredo (luta livre) x Clarindo (capoeira) - vencedor: Clarindo, no 3° assalto por nocaute
Estas lutas foram realizadas no Ginásio do Pacaembu.
Em 23 de julho de 1953, quando fez uma apresentação no palácio, para o então Presidente Getúlio Vargas, ouviu deste o seguinte: "A Capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional". O Mestre Bimba torna-se assim o primeiro capoeirista a ser recebido em um palácio, pelo Presidente, e a exibir-se para os convidados do governo.
O Mestre conta que cera feita, na década de 30, apareceu em sua "Academia" um funcionário do Governo e entregou-lhe um ofício, convidando-o a comparecer no palácio. Pensou que seria preso, pois a Capoeira ainda era considerada coisa das pessoas de classe baixa, de marginais. Disse então aos alunos que se não voltasse, que continuassem lutando pela Capoeira, e olhassem por sua família. Ao chegar no palácio, tamanha foi sua surpresa, o Governador/Interventor Juracy Magalhães queria apenas que Bimba e seus alunos se exibissem em seu palácio para seus convidados. O Mestre foi e deu seu "recado", sendo bastante aplaudido no final, e deixando assim a Capoeira de ser mal vista pela polícia e pelo povo.
Em 7 de fevereiro de 1955, Bimba e seus alunos apresentam-se em Fortaleza, Ceará, mostrando no Teatro José de Alencar a sua Capoeira, em um show denominado: "Uma noite na Bahia". O jornal "O Povo" publicou: "Exibição de capoeiristas, hoje no José de Alencar".
Em 1956 faz 3 apresentações em São Paulo na festa da TV Record, patrocinada pelos Cronistas Sociais. Ainda em 1956, segue para o Rio de Janeiro e no dia 19 de julho apresenta-se no BI. No dia 23 leva seus alunos ao Maracananzinho e participa do "Festival de Ritmos e Capoeira" com o público vibrando intensamente e "querendo ver sangue" como noticiou o jornal "Tribuna da Imprensa".
Em 1968 vai a Teófilo Otoni, em Minas Gerais, e apresenta-se no dia 27 de julho no Cine Metrópole e no dia 28 na 5°f; Exposição Pecuária da cidade sendo aplaudido por quase 3 mil pessoas.
Em 7 de setembro de 1969 o Mestre Bimba comemora, no Nordeste de Amaralina, rua Sítio Caruano, onde ele possuía uma academia só para suas festas e apresentações, além dos treinos aos domingos, seus 50 anos de ensino da Capoeira Regional. A festa foi bastante emocionante, comparecendo velhos e novos alunos e o Mestre no final, jogou um pouco de Capoeira com seus alunos mais "chegados".

Ainda em 1968, no dia 26 de agosto, foi convidado para participar do "I Simpósio Brasileiro de Capoeira", realizado no Rio de Janeiro. Não vai, porém manda o Dr. Ângelo Augusto Decânio Filho (um aluno formado), como seu representante. No dia 18 de agosto do mesmo ano, a convite da Faculdade de Filosofia de Vitória - ES, apresenta-se no Ginásio do SESC. No dia 28 do mesmo mês, apresenta-se na Escola de Música na Semana do Folclore, em Salvador, onde foi com seus alunos para participar de debates com folcloristas baianos, provando sua tese de que a Capoeira Regional também era folclore. Em 18 de outubro de 1968 apresenta-se no Cajazeira Country Club, de Salvador, e no dia 23 de dezembro no Clube dos Engenheiros de Mataripe.
Em 1971 vai a São Paulo a convite de Airton Moura (Onça), para ser homenageado pelos capoeiristas paulistas e receber o título de Presidente de Honra da Associação K-Poeira.

Ainda em 1971, recebe convite para ir a Goiânia realizar um exame de alunos de Oswaldo Souza. Vai e fica empolgado com o tratamento recebido do povo e das autoridades locais.
Mais tarde, ao receber um telegrama convidando-o para uma apresentação em Goiânia, o Mestre vibra. Eis o que dizia o texto:



URGENTE MESTRE BIMBA RUA FRANCISCO BARRETO NR.1 SALVADOR BAHIA
Favor informar urgente possibilidade apresentação completa em Goiânia dias quatro cinco e seis junho próximo mediante cobertura passagens ônibus ida e volta hospedagem nossa conta mais gratificação dois mil cruzeiros confirme para Academia Regional de Capoeira Prof. Oswaldo Souza Rua Seis Nr. 211 2 andar Goiânia - Goiás. 7 de maio de 1971.



O Mestre foi e apresentou-se na Expo-Goiás 71. Na sua volta, falou muito de como tinha sido tratado em Goiânia, pelo prefeito e pelo governador, que inclusive o recebeu no palácio. Era a terceira vez em sua vida que tal fato acontecia, e tocou profundamente no Mestre. Mais empolgado ficou, quando soube que o Presidente Médici o tinha assistido e gostado muito. Convidado para ensinar a sua Capoeira em Goiânia não faltaram. Promessas também não, disseram que teriam uma escola só para ele já com vários alunos matriculados, que lhe dariam casas para a sua família, que seus filhos estudariam em colégios bons, que ele, o Mestre, seria professor de Educação Física e Capoeira na Universidade Federal de Goiânia. Bimba estava empolgado, o apoio que sempre lhe faltou na Bahia, o reconhecimento que sempre esperou para a sua arte, parecia ter chegado com este convite. O professor Oswaldo chegou a Salvador e ultimou os detalhes da ida de Bimba para Goiânia. Na época, Oswaldo falou ao Mestre que já tinha comprado as casas para suas famílias e que as mesmas já estavam mobiliadas, que tinha, inclusive, vendido o seu carro para cobrir as despesas. Tudo um verdadeiro "papo furado"! Quando o Mestre chegou em Goiânia, Oswaldo aproveitou para tomar algumas aulas de Capoeira com o Mestre, pois a que ensinava em Goiânia era altamente deficiente, como os alunos e o Mestre notaram. O Mestre começou a vender todos os seus bens; casas no Nordeste de Amaralina e no Alto da Santa Cruz (quatro ao todo), a sua academia do Nordeste por apenas 18.000,00 pagáveis em prestações mensais de 500,00, das quais, segundo Demerval, seu filho, só recebeu três. A Bahia estava prestes a perder a sua maior expressão folclórica e nada fazia! Bimba, o Mestre, estava indo embora...
No dia 23 de outubro de 1972 apresenta-se na Faculdade de Arquitetura de Salvador, durante a Semana de Cultura Popular, despedindo-se assim dos universitários baianos, que sempre o apoiaram. Nesta oportunidade um orador ia apresentar o Mestre e fazer algumas perguntas a ele. Pediram então aos organizadores que deixassem o Mestre à vontade, que o "soltassem" no palco que ele se encarregaria do "show". O Mestre "assumiu" e foi aquele espetáculo. A platéia vibrava com sua histórias e começou a aplaudi-lo de pé. Se despediu assim dos universitários em grande estilo! Naquele dia, diante de uma platéia exigente e inteligente, o Mestre mostrou o que é aprender com a vida, mostrou porque era aquele líder, aquela figura que os alunos obedeciam sem pestanejar. Mostrou porque era o capoeirista mais respeitado deste país.

O Mestre gravou dois discos. Um produzido por Alexandre Rabatto Filho com toques de berimbau, que é inclusive a trilha sonora do filme "Vadiação", de autoria do próprio Robatto, onde aparece o Mestre Bimba e seus alunos, filmado no Cine Teatro Guarani na década de 50; o outro foi produzido pela J.S. Discos com o título "Curso de Capoeira Regional Mestre Bimba", que trazia uma livreto com aulas de Capoeira.